Manaus já é uma velha conhecida nossa. Mudei para o Amazonas em 2002, a trabalho. Inicialmente fui para Novo Airão, depois fui para Manaus, onde fiquei até 2004. Jorge também morou na infância e passou por lá outras vezes. Em 2007, já juntos, fizemos uma viagem maravilhosa com alguns amigos, mas Clara ainda não era nascida. Nesta viagem alugamos um barco regional e fomos até o Parque Nacional do Jaú, que eu também já conhecia, onde ficamos alguns dias imersos na Floresta Amazônica, longe da "civilização", dormindo e comendo no barco, foi muito bom!
Em 2018 fui convidada para participar de um Seminário em Manaus e propus para o Jorge aproveitarmos para apresentar a Amazônia para a Clara. Seria coisa rápida, só um fim de semana em setembro, mas foi uma excelente oportunidade. Fui antes para Manaus, para participar do Seminário e Jorge viajou com a Clara para me encontrar no final de semana.
De carro alugado, na manhã do primeiro dia demos uma rodada
rápida pelo centro de Manaus. Andamos na área do Teatro Amazonas, visitamos a excelente loja de artesanato do MUSA que fica em um prédio do outro lado da praça, depois seguimos
até o Mercado Municipal e o porto de Manaus. Clara achou uma experiência bem
diferente do padrão, em especial por causa do calor, dos cheiros e da confusão urbana.
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Teatro Amazonas |
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Loja MUSA |
Antes do almoço já pegamos a estrada para nosso objetivo
principal nesta viagem que era ir para Novo Airão, cidade a 200 km de distância,
passando a ponte sobre o Rio Negro, que não existia na minha época de Amazonas.
Novo Airão é a melhor cidade para quem quer conhecer o
Parque Nacional de Anavilhanas, com suas cerca de 400 ilhas fluviais no belíssimo Rio
Negro. Além de ser um excelente local para apresentar a Amazônia para a Clara,
também queríamos visitar uma querida amiga que mora em Novo Airão.
Além disto em Novo Airão tem um local onde é possível interagir com os botos rosa. Quando morei lá já existia essa atividade, iniciada há vários anos por uma família da cidade que tinha um restaurante flutuante. Tudo começou com um boto que havia sido arpoado e foi salvo por ribeirinhos, mas como ele ficou com sequelas e não
conseguia se alimentar direito, passaram a alimenta-lo. A alimentação fácil atraiu outros botos que, apesar de serem todos livres, sempre voltavam para ganhar peixes. Assim, logo virou uma atração
turística na cidade alimentar os botos. Por se tratar de uma área protegida, e para preservar a autonomia e saúde dos animais, a atividade foi ordenada pelos gestores do Parque Nacional de Anavilhanas em 2016, com a implantação de algumas regras. Atualmente não se pode mais entrar na água com os botos e a alimentação é regrada. Além disso antes da atividade o visitante assiste um vídeo que fala sobre o Parque e dá várias explicações, envolvendo educação ambiental e conscientizando as pessoas sobre a importância de preservar e respeitar o ambiente. A quantidades de
peixe a ser dado a cada boto é limitada (os tratadores sabem quem é quem e chamam cada um pelo
nome), para que eles continuem com o instinto de buscar seu alimento na natureza. Alguns botos passam vários dias sem aparecer e outros são
frequentadores mais fiéis. A família que organiza a atividade obviamente cobra uma taxa de participação.
Assim que chegamos em Novo Airão fomos direto vê-los. Clara amou ver os botos tão de perto e até tocar neles. Gostou tanto que repetimos no dia seguinte. Eles são muito fofos, em especial o
Curumim, o boto que foi arpoado há muitos anos atrás, e ficou com seu bico torto.
O dia seguinte começou bem com as deliciosas tapiocas da Elza, um local bem simples e gostoso onde servem café da manhã. Sugestão: experimentem a tapioca ou o pão com tucumã e queijo coalho, é delicioso!
Seguimos então para o passeio de barco pelas ilhas de Anavilhanas. Havíamos contratado este passeio com antecedência com um guia local. Ele organiza tudo de acordo com o que a gente quer, como tempo de passeio (pode ser um ou mais dias), alimentação, etc. Indico 2 guias muito bons: Vermelho e Marivaldo, que além de ótimas pessoas são excelentes pilotos de barco e conhecem a região muito bem, o que é fundamental num rio como o Negro e no labirinto que é Anavilhanas. Nosso guia foi o Vermelho (em uma das fotos tem o telefone para contato). Passamos por trechos muito largos do Rio
Negro, vários braços menores e “furos”, que são locais no meio da mata onde os
braços dos rios se encontram durante o período da cheia. Fizemos também 2
trilhas pela mata seca. A primeira pequena e a segunda maior e mais
estruturada, com flutuantes e pontes para cruzar braços de rios. Terminamos o
passeio com chave de ouro, em uma prainha fluvial muito gostosa, com botos rosa
por perto e os tímidos botos cinza (tucuxi) nos olhando de longe. Nesse dia o rio ainda estava muito cheio e nosso guia nos levou na única prainha que já tinha saído, exclusiva pra nós, foi maravilhoso!
Gostamos muito desse tipo de passeio mais "rústico" e personalizado. Achamos mais interessante visitar uma área onde se fica de fato em contato com a Floresta em seu estado mais original, como os Parques Nacionais de Anavilhanas e do Jaú, contratando um guia local muito experiente, o que gera renda para a população da cidade, de forma a incentivar a preservação da natureza.
Na volta para a cidade do nada o tempo virou e caiu uma
tempestade. Quem conhece a Amazônia sabe bem como são essas chuvas repentinas.
O rio passa de tranquilo para muito agitado rapidamente, formando muitas
ondas, que lá eles chamam banzeiro. Nessas horas um bom piloto de barco é
fundamental, pois eles sabem como agir e deixar todos em segurança. Nosso
barqueiro era bem experiente e agiu rápido, achando uma margem abrigada, onde
esperamos cerca de 20 minutos até diminuir um pouco a agitação do rio e
podermos voltar devagar, mas ainda assim com fortes emoções.
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