quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Viagem para Minas - o perrengue

Como contei no último post, passamos uns dias em Minas. Antes de ir levei Clara o pediatra por causa do já normal estado de gripe/resfriado (não sei distinguir o que é cada um), e estava tudo bem. Nada além do nariz entupido, um pouco de tosse. Saímos no sábado pela manhã, não tão cedo como eu queria. Chegando na primeira parada, em Cristalina/GO, resolvemos almoçar logo. Clara comeu pouco, estava meio irritada. Na saída percebi uma febre, 37,8. Ficamos na dúvida se continuávamos a viagem, ainda faltava muito chão pela frente, são uns 800 km. Como a febre era baixa, demos o antitérmico e prosseguimos.
Clara, diferente da maioria das crianças, quase não dorme no carro, fica bastante entediada e não se distrai facilmente. Mas como após o almoço é o horário do soninho ela acabou dormindo. Depois de um tempo percebi que ela estava incomodada e se remexia bastante no sono, gemendo um pouco. Quando acordou estava irritada e chorosa. Percebi que a febre tinha subido bastante, e quando medi veio o susto: 39.7! Estávamos perto de Três Marias/MG e assim que chegamos entramos na cidade. Logo na entrada veio o vômito em grande quantidade. Dava pra ver o enorme mau estar que ela estava sentindo, e agora ainda toda suja. Paramos pra perguntar e fomos direto pro hospital. Quando desci do carro fiquei muito assustada com o estado dela, além de fervendo, estava num estado de sonolencia, quase desmaio, bem molinha. Nem troquei a roupa e fui correndo pra emergencia. A mocinha da recepção, mesmo vendo a criança naquele estado, e o meu desespero, pediu o documento e ficou preenchendo a ficha calmamente. Eu andava de um lado pro outro, tentava despertar a Clara, falava com ela, morrendo de medo dela ter uma convulsão. Quando finalmente ela terminou nos mandou entrar para a sala de triagem, onde a outra moça também ficou fazendo perguntas e preenchendo coisas. É muita falta de bom senso as pessoas verem uma criança passando mal e ficarem preenchendo ficha. Podiam muito bem pedir pra um ficar respondendo as perguntas enquanto o outro levava a criança pra ser atendida, mas fazer o que né. Na triagem fazem uma classificação da prioridade do atendimento e ela foi vermelho: atendimento imediato. Esperamos de 5 a 10 minutos, que me pareceram uma eternidade, eu já queria chorar e me descabelar. Aproveitei pra trocar a roupa dela, que estava toda vomitada e dar uma limpadinha com lencinho umidecido. Logo o médico nos chamou. Ele foi bem simpático e pareceu competente. Examinou direitinho e concluiu: garganta! Aí ele fala: eu posso receitar um antibiótico oral, mas vai demorar um pouco pra fazer efeito, eu recomendo benzetacil junto com antitérmico! Incrível como interior é tudo igual, benzetacil é O remédio. Eu já tomei muito pois tive reumatismo quando criança e esse era o tratamento por anos, sei o quando dói. Apesar de tudo acabamos aceitando a sugestão dele. Coitadinha da minha pequena, que nem chora com vacina nem pra coletar sangue, gritou muito com essa injeção horrorosa. Ele pediu para que ficássemos por 20 minutos no hospital, pra ver se não teria nenhuma reação, já que ela nunca tinha tomado. Ficamos e ainda bem que não teve nada. Nesse tempo eu relaxei um pouco e conversei com as pessoas que esperavam atendimento. Todas se espantavam com o fato dela nunca ter tomado uma benzetacil, muito doido isso.
Depois disso fomos pra um hotel pra passar a noite, esgotados, desanimados e decididos a voltar pra Brasília no dia seguinte. No hotel, depois de tomar um bom banho, ela dormiu por cerca de 2 horas. Quando acordou, sem febre, saímos pra jantar. Ela comeu quase nada, mas nem insistimos. Nos revezamos pra comer, e ela estava bem, curiosa com o ambiente diferente. De repente eu percebi que as mãozinhas ficaram geladas. Logo ela começou a tremer muito. Pés e mãos muito frios, até meio roxinhos, olhinhos lacrimejando. Embrulhei no meu casaco e voltamos rápido pro hotel. Aí resolvemos ligar pro pediatra dela, pra ver se ele nos dava uma luz, pois já cogitávamos voltar pro hospital. Só que pra dificultar, troquei de celular uns dias antes e perdi boa parte da minha agenda. Eu tinha anotado só o telefone da clínica e tinha esquecido do celular. Sábado, às 22:30, o que fazer? Lembramos de uma colega do Jorge que leva os filhos ao mesmo pediatra, conseguimos o telefone dela e finalmente conseguimos o do médico. Por sorte ele atendeu, contamos tudo que tinha acontecido e ele me acalmou. Disse que essa reação era porque a febre estava voltando, receitou supositório de novalgina e que a gente não se preocupasse que tudo se resolveria. Só que naquela hora todas as farmácias já estavam fechadas. O pessoal do hotel foi super gente boa, saíram atrás do remédio pra gente, foram até no hospital, mas não acharam. Demos então antitérmico oral mesmo e ficamos monitorando. Deixei a Clara bem quentinha na cama e ela parecia que ia dormir. De repente ela vomita a cama inteira, edredon, travesseiro, tudo! Enquanto o Jorge dava banho novamente, fui atrás de limpar a cama. Novamente fomos super bem atendidos, trocaram na hora toda a roupa de cama, a gerente até fez soro caseiro, foi com o marido pra ver se queríamos ir ao hospital. 
Mais calma depois de ter falado com o médico, preferi esperar mais um pouco, e daí por diante ficou tudo bem. Passei a noite monitorando a temperatura da Clara, coloquei o celular pra despertar a cada 2 horas. Só dei o remedio mais uma vez durante a noite e no dia seguinte ela acordou bem melhor. 
Eu já tinha conversado com minha amiga que estávamos indo visitar e ela disse pra irmos mesmo assim, que se precisasse nós poderíamos levar a Clara ao médico em Diamantina. Comecei a achar que era o melhor, pois depois de tanta febre Clara devia estar com o corpinho dolorido e pegar um estradão de volta até Brasília seria dureza. Então resolvemos seguir a viagem, com um pouco de receio, mas foi a melhor decisão. No dia seguinte ela teve só mais uma febre baixa e mais nada. Uma coisa bem estranha foi a reação à injeção que ela tomou. No bumbum ficou uma bolha, como se fosse uma queimadura de uns 3 cm, criou casquinha e tudo. Tiramos fotos e depois vou mostrar para o pediatra pra ver o que ele diz.
Depois de toda essa novela (e esse post enorme), o restante da viagem foi muito bom. Clara se divertiu bastante e nós também. Vou tentar escrever sobre as parte boas também, prometo!

Um comentário:

Lia disse...

menina, que loucura... faz mil anos que não leio blog nenhum e de repente me deparo com essa história. Que bom que ficou tudo bem!
beijos!